Nossa que saudade do Coimbra...

“Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!”

E o tempo fosse relatado por mim como foi por Cassimiro, falaria da saudade que tem afligido meu coração, das ruas do Coimbra, calmas como eram, durante nossa infância, que não tão longe se vai, mas muito diferente do que hoje temos.

Ainda brincávamos na rua, até o anoitecer, sem medos de assaltos ou do trânsito, a única coisa que nos preocupava, era que logo as nossas mães nos chamariam para banho tomar e uma janta farta deliciar.

“-Menino vem pra dentro tá na hora de parar”

As ruas que nos cercavam, eram por vezes transformadas em campos; campos de “bete”, campo de “golzinho” ou até de vôlei. E durante estes períodos nós exercitávamos o corpo, a mente e a cidadania.

“-O próximo pega a bola fora, tá bom?”

Tão próximo da gente, vários lugares bons de brincar: Descer de bike a rampa da “São Judas”, dar uma volta na pista do “horto”, “panhar” jabuticaba na casa de d.Carmela.

“-Tem que ser rápido, se não ela vem e vai nos matar!”

E nas escolas que estudávamos... Pardal, São Domingos ou Bandeirantes. As farras eram tão legais.

No meu caso lá no Pardal, o amor e a dedicação das “tias e tios” se materializavam e nos envolviam com carinho e alegria. Mesmo com as broncas das Tias Toinha e Genesi, aquele lugar era cheio de magia.

Meus amigos da rua hoje já pais e mães de família, correm como loucos, e com certeza como eu, em algum momento de pausa e reflexão, voltam aos seus oito, nove ou catorze anos e talvez sintam como Cassimiro e também eu:

“Como são belos os dias
Do despontar da existência!”

Tempo das laranjeiras, das jabuticabeiras, das brincadeiras, dos quintais e ruas do Coimbra de um tempo que não temos mais...