Quantas vezes somos aconselhados, quantas vezes nos ensinaram e quantas vezes, não sei o porquê, somos pegos fazendo exatamente o contrário.
Comigo é assim, tento me desprender ao máximo daquilo que não estou usando e que tenho certeza que não usarei. Tipo, uma camisa para entrar no guarda roupa quase sempre tem que sair outra. Minhas camisetas, mesmo as em bom estado de conservação! Seguem o mesmo destino.
Mas por vezes somos pegos contradizendo com atos, o enunciado deste texto. Principalmente quando esta “coisa” carrega valores e sentimentos deixados por uma pessoa. E neste caso, meu querido, o que me levou a refletir e partilhar com você hoje foi uma coleção de cédulas e moedas iniciadas por meu avô paterno, que nem cheguei a conhecer. Quando criança e adolescente fui aglutinando outras mais, nacionais e importadas. Então tenho uma “coleção” de moedas e cédulas que vêm desde o império, até as nossas de Real, algumas em bom estado de conservação, outras nem tanto.
Mas como tenho refletido muito sobre como levar uma vida mais simples e mais leve, resolvi não somente com a coleção de moedas e cédulas, bem como, com a de carros em miniaturas, bonés e chapéus... “dar um limpa”, priorizar algumas e deixar outras. Assim neste processo, passamos por questionamentos, procuramos conselhos, fazemos análises e dentre outras coisas conversamos com especialistas no assunto.
E no caso das moedas e cédulas procurei um colecionador esta tarde, que com carinho e atenção folheou as páginas de cédulas, examinou cada uma das moedas, me ofereceu ajuda caso queira catalogá-las, mas disse que como coleção estão longe, muitas estão em mal estado de conservação e outras são sem valor comercial mesmo. Com os olhos quase cheios de lágrimas disse:
- Meu filho, fico triste em ver isso, hoje ninguém valoriza as coleções, é cultural. Tem gente que compra moedas pra fazer bandeja e outros artesanatos. Interrompeu a fala, começou a guardar minhas moedas, se levantou, buscou um pote médio com tampa de rosca e me mostrou. Disse que aquelas eram todas de prata, da época do “Réis”, comprada no quilo. Disse ainda que em alguns casos ele já aconselhou pessoas a botar fogo. Isso mesmo! Incendiar cédulas, pois carregavam fungos!
Para mim o conselho foi mais ameno:
- Pegue uma moeda de cada modelo e separe por anos, as importadas deixe para depois. As cédulas mantenha só as impecáveis, sem dobras ou amassados. O restante dê para um sobrinho para incentivar.
Mas voltemos ao inicio. O que me levou a refletir? É que há vinte e tantos anos tenho guardado ainda coisas, não por causa delas, mas pelas pessoas. Será esta atitude minha, certa? Será que há correto neste caso?
Mas vale a reflexão e um exercício ainda maior, valorizar mais as pessoas, suas falas, suas experiências, suas histórias de vida contada no “Tete-a-tete” a guardar moedas, células ou entradas antigas do cinema.
Não estou incentivando o incêndio às coleções, nem muito menos, me comprometendo a desfazer de todas as minhas. Meu compromisso sim é com a reflexão e também, é claro, com alguma ação, a primeira já fiz, que foi este texto.
As próximas elaborarei. E quem sabe daqui a pouco surja algo que todos vocês sabem que gosto de fazer: ARTE.
Abração!!!
RJúnior
14/07/2010
Obs- As imagens que usei neste post foram scaneadas de minha "coleção".
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